Observo um comportamento comum nas famílias, o abandono do próprio tratamento quando seu familiar está internado em reabilitação.
A codependência não tratada os faz estar com o modo desespero ativado, ou seja, tudo é catastrofizado, diante de um familiar que recai, tendo como única solução internar o seu ente querido por meses e meses a fio sem analisar ou conhecer outras opções. E a justificativa é sempre a mesma, ele escolheu usar.
O que é escolha quando o ser humano portadores do Transtorno por Uso de Substâncias retorna para um lar totalmente disfuncional que foi o mesmo meio facilitador para ele entrar pela porta da frente de uma instituição de reabilitação?
Que escolha uma pessoa recém saída de um tratamento, ainda com emocional fragilizado, que está buscando se melhorar terá ao ver tudo igual, ao lidar não apenas com sua doença, mas com a da família que não se tratou?
Uma hora ou outra, toda a pressão, desconfiança, cerco, excesso de controle vão pesar e esta construção se dá aos poucos e quando observamos, esta mesma família que esqueceu seu grupo de mutua ajuda e muitas vezes nem por terapia passou, retorna ao grupo desesperada dizendo que chamou a remoção para internar o filho que recaiu. Pasmem, as vezes usou por poucos dias, o que seria perfeitamente contornado com intervenção ambulatorial.
E este ser humano portador do TUS é preso, julgado e condenado pela própria família a cumprir mais alguns meses de isolamento enquanto mais um pedaço de sua vida fica em branco.
Quando se terá uma remoção especializada para a família que não se trata e prejudica o outro? (uma irônica verdade)
Todos devem evoluir juntos – família e portador do TUS, pois invariavelmente um cansará de sofrer e alçará vôos sozinho, e o que mais observo são os portadores do TUS fazendo isto e sendo taxados de ingratos depois, quando finalmente entendem que precisam quebrar este círculo vicioso e evitar lugares, pessoas e hábitos – muitas vezes estando estas condições dentro do próprio lar.
O verdadeiro despertar é o intelectual, pois só assim, teremos controle sobre a única pessoa no mundo que conseguimos, NÓS MESMOS.
Antônio Conforti
Terapeuta